Último dia do IV Congresso Rebrats foi marcado por debates sobre o Complexo-Econômico Industrial da Saúde e sustentabilidade no SUS
- Publicado: 24 Outubro 2023
Evento debateu amplamente a sustentabilidade dos sistemas de saúde, equidade, acesso e implementação de tecnologias, além da notoriedade dos estudos de ATS no país
Mais de mil pessoas passaram pelo IV Congresso da Rebrats – O papel da ATS no enfrentamento dos desafios contemporâneos em saúde na última semana, em Brasília (DF). Além dos congressistas e inscritos que estiveram presencialmente no Centro Internacional de Convenções do Brasil, houve um público que acompanhou o evento virtualmente pelo canal do YouTube e pelo site oficial do evento. A cerimônia de encerramento foi realizada na quinta-feira (19). "Ver tantos rostos aqui reunidos, ver o rosto de gente nova, com novo fôlego para fortalecer essa Rede, é perceber que esses quinze anos de história valeram a pena. E que precisam continuar valendo a pena", comemorou a diretora do Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde (DGITS), Luciene Bonan. Ela ressaltou a importância da Rede para os estudos em ATS no país e enfatizou a relevância da abordagem sobre diferentes temáticas. “A Rebrats é fundamental para a sustentabilidade da área, a sustentabilidade do SUS e o atendimento integral dos pacientes, que é nosso principal objetivo no trabalho diário", destacou. O evento recebeu mais de 35 palestrantes nacionais e internacionais, que se apresentaram durante os dias de programação científica.
O Congresso da Rebrats é uma das iniciativas de Rede para integrar e capacitar os NATS, além de promover um momento chave para expor aos profissionais brasileiros, discussões de alto nível e métodos inovadores em ATS. “Um incentivo para ampliar a parceria dos NATS e fazer essa Rede crescer cada vez mais. Dar apoio técnico e científico para a Conitec, na qual tanto trabalhamos hoje com vocês”, ressaltou a diretora.
Novidade
O Café com Inovação foi uma das novidades deste ano, um espaço com o objetivo de promover debates informais com perspectivas múltiplas da experiência dos profissionais e usuários do SUS. A primeira atração tratou da participação social na ATS. Para falar sobre a importância das múltiplas perspectivas sobre o tema, foram convidados, como representantes dos usuários do SUS, a diretora-executiva do Instituto Unidos pela Vida, Verônica Stasiak, e o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena do Ceará, Neto Pitaguary, e o diretor de promoção dos Direitos da População de Rua, do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, Leonardo Pinho.
Para o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena do Ceará, Neto Pitaguary, foi um momento histórico estar como representante dos povos indígenas em um congresso de ATS. “Estar aqui é uma forma e reafirmar nossos direitos de podermos pensar em saúde, pensar no nosso SUS. Não queremos mais só sermos estudados, queremos ocuparmos espaços como esse e sermos pesquisadores”, afirmou.
A diretora-executiva do Instituto Unidos pela Vida, Verônica Stasiak, também participou. Ela disse ser essencial que as pessoas encontrem um espaço estruturado para que a participação social aconteça nos processos de incorporação de tecnologias no SUS. "Precisamos que os três principais atores cumpram com suas responsabilidades e papéis: o usuário, enviando uma contribuição com qualidade de evidências de vida real, com experiências de uso da tecnologia, por exemplo; o avaliador, na adequada análise destas contribuições, com metodologia de análise qualitativa robusta; e, por fim, que o tomador de decisão faça efetivo uso destas contribuições, bem como as considere no processo de tomada de decisão", disse. "A participação social é um direito e precisa ser assegurado por todos", concluiu Verônica.
A moderação da atividade foi realizada pela ativista racial, pesquisadora, mestra e doutoranda em ciências pela faculdade de medicina da Universidade de São Paulo, Merllin de Souza.
No dia seguinte, o tema foi o Complexo Econômico-Industrial da Saúde, com a presença de Luciene Bonan e do secretário e Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde (SECTICS/MS), Carlos Gadelha. A mesa abordou diversas questões relacionadas à incorporação, as especificidades do Complexo, assim como a importância dos estudos de ATS para o trabalho do Ministério de Saúde, ainda com espaço para o deabte com o público. “Não podemos deixar de pensar a saúde como uma área econômica crítica, precisamos apostar em sistemas econômicos e produtivos que são voltados à vida e bem estar, que geram renda, emprego e dão lucratividade para as empresas“, ressaltou Gadelha.
Programação
A primeira mesa redonda do evento abordou o tema ATS em outras instituições e no mundo, com a palestra da diretora associada interina do NICE International - National Institute for Health and Care Excellence (NICE), Rufaro Kausi. Ela trouxe a perspectiva internacional sobre a sustentabilidade na ATS e como organizações globais abordam esse desafio. A diretora destacou algumas informações sobre o processo de incorporação de tecnologias no Reino Unido e abordou desafios e mudanças realizadas, bem como a perspectiva futura para os próximos cinco anos na área. Rufaro disse ainda que a ATS também trabalha como uma forma de contenção às possíveis crises, e avança na tomada de decisão precisa.
Outros nomes internacionais como Andrés Pichón-Riviere, diretor do Instituto de Efectividad Clínica y Sanitaria (IECS), e Wija Oortwijn, integrante do conselho do Health Technology Assessment International (HTAi), foram convidados para esta edição. A programação contou com tradução simultânea para português, inglês e espanhol.
No decorrer da programação científica também foi possível acompanhar a apresentação dos trabalhos aceitos para o IV Congresso, que concorreram a premiações em dinheiro. Os vencedores de cada eixo foram conhecidos durante a cerimônia de encerramento, na quinta-feira (19). Foram 294 trabalhos submetidos e 204 aprovados, atendendo a um dos três eixos temáticos: Sustentabilidade dos sistemas de saúde; Implementação de tecnologias e diretrizes clínicas de saúde;
Equidade e acesso. Os trabalhos selecionados para apresentação oral concorreram a premiação em dinheiro. Confira abaixo a relação dos premiados.
Os dois primeiros dias foram dedicados ainda à fase pré-congresso, com a oferta de cursos para os integrantes dos Núcleos de Avaliação de Tecnologias em Saúde (NATS). Cerca de 250 pessoas dos NATS de todas as regiões do país participaram e foram capacitadas nesta edição do Congresso.
Trabalhos premiados
Sustentabilidade dos sistemas de saúde
1º lugar - “Monitoramento da Incorporação dos medicamentos para melanoma metastático e impacto orçamentário pós incorporação", de autoria de Ricardo Ribeiro Alves Fernandes.
2º lugar - "A escolha entre o uso de análise de sobrevida particionada e estados transicionais de Markov em análises de custo-efetividade pode ser arbitrária?", de autoria de Layssa Andrade Oliveira.
3º lugar - "Monitorização residencial da pressão arterial no diagnóstico da hipertensão arterial sistêmica em adultos com suspeita da doença: uma análise de custo-utilidade", de autoria de Rosa Camila Lucchetta.
Implementação de tecnologias e diretrizes clínicas de saúde
1º lugar - "Disponibilidade de Medicamentos dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas nas Relações Municipais de Medicamentos Essenciais das capitais brasileiras e do Distrito Federal", de autoria de Beatriz de Toledo Minguzzi.
2º lugar - "Perfil de dispensação de medicamentos para tratamento de Puberdade Precoce Central no Sistema Único de Saúde", de autoria de Rosângela Maria Gomes.
3º lugar - "Tratamento da Artrite Reumatoide no Sistema Único de Saúde: Persistência, perfil de utilização de medicamentos e gastos", de autoria de Adson José Moreira.
Equidade e acesso
1º lugar - "Equidade do acesso a produtos assistivos pelos pacientes dos serviços especializados em reabilitação no município de São Paulo, Brasil", de autoria de Vinicius Delgado Ramos.
2º lugar - "Estruturas para sintetizar evidências qualitativas em processos de Avaliação De Tecnologias Em Saúde: Uma revisão de escopo", de autoria de Marilia Mastrocolla de Almeida Cardoso.
3º lugar - "Impacto do deslocamento dos pacientes no acesso e desfechos de procedimentos de alta complexidade em cardiologia no SUS: uma análise de dados de mundo real", de autoria de Miriam Allein Zago Marcolino.
Todo o conteúdo da programação científica que foi transmitido ao vivo está disponível no canal do YouTube da Rebrats.